O general de brigada Mário Fernandes, um dos presos na operação realizada pela Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (19), é descrito como uma figura central e influente nos planos golpistas para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro de 2023. Fernandes é apontado pela investigação como “um dos militares mais radicais” ligados ao núcleo bolsonarista, com grande influência sobre acampamentos de manifestantes golpistas e participação ativa na articulação de ações contra a ordem democrática.
O papel de Fernandes na trama golpista
As investigações revelaram que Fernandes desempenhou um papel-chave na elaboração do plano de golpe, que incluía:
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Assassinatos de líderes políticos e judiciários
- Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes (então presidente do TSE) eram alvos de atentados.
- Métodos como envenenamento e o uso de artefatos explosivos foram cogitados para eliminar as autoridades.
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Criação de um Gabinete de Crise
- Fernandes possuía uma minuta já pronta que detalhava a estrutura de um "Gabinete Institucional de Gestão da Crise".
- O plano previa a nomeação de Augusto Heleno como chefe de gabinete e Braga Netto como coordenador-geral.
- Fernandes assumiria a função de assessor estratégico no órgão golpista.
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Contato com acampamentos golpistas
- Ele era o ponto de ligação do governo Bolsonaro com os acampamentos em frente ao Quartel General do Exército em Brasília.
- Recebia informações dos manifestantes, fornecia suporte financeiro e logístico e orientava as ações dos extremistas antidemocráticos.
Influência e liderança radical
De acordo com a PF, Fernandes desempenhava um papel de alto comando no núcleo militar golpista, com forte capacidade de influenciar pessoas e ações. Essa liderança foi corroborada pela colaboração premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que descreveu Fernandes como “um dos mais radicais” do grupo.
Mensagens obtidas pela PF mostram que Fernandes, em conversas com outros militares, frequentemente expressava frustração com a falta de ação por parte do governo para apoiar o plano golpista. Ele chegou a pressionar o então ministro Luiz Eduardo Ramos para que blindasse Bolsonaro de qualquer interferência contrária ao golpe.
O contexto e a prisão
Fernandes foi preso juntamente com outros três militares e um policial federal em uma operação que revelou a magnitude dos planos golpistas elaborados após a derrota de Jair Bolsonaro na eleição de 2022. O grupo também é acusado de ser responsável por ataques contra instituições democráticas, além de fomentar discursos antidemocráticos e fornecer suporte a ações extremistas.
A investigação aponta que a trama foi arquitetada antes mesmo da posse de Lula, com reuniões que datam de novembro de 2022 na casa de Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e então candidato a vice de Bolsonaro.
Fernandes é agora descrito como um dos principais articuladores e estrategistas do intento golpista, com provas concretas de seu envolvimento direto no planejamento de atentados e na coordenação de ações extremistas.
Desdobramentos
A operação da PF reforça o cerco aos núcleos golpistas que emergiram após a derrota de Bolsonaro, desmantelando uma rede que se estendia tanto entre civis quanto militares de alta patente. A revelação dos planos golpistas evidencia a gravidade da ameaça à democracia brasileira e deve gerar novos desdobramentos nas investigações sobre a tentativa de subverter a ordem constitucional no país.
Fonte: G1