01 de Fevereiro de 2023
Polícia

Celulares dos PMs que faziam a escolta do empresário morto no aeroporto são apreendidos pela Polícia

Celulares dos PMs que faziam a escolta do empresário morto no aeroporto são apreendidos pela Polícia

A Polícia Civil recolheu os celulares de quatro policiais militares que faziam a escolta do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, morto na tarde desta sexta-feira, 8, no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). Ele era delator do Primeiro Comando da Capital (PCC).

De acordo com o colunista do UOL, Josmar Josino, os PMs foram contratados para fazer a escolta do empresário, que desembarcava no terminal 2 do aeroporto, onde sofreu uma emboscada. Eles buscariam Gritzbach após a viagem.

Agentes da  3ª Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur) do aeroporto de Guarulhos apuraram que os policiais usavam um veículo GM Trailblazer e um Volkswagen Amarok para fazer a escolta, no entanto, esse segundo carro teve um problema mecânico e não conseguiu chegar à área de desembarque. A Amarok foi deixada em um posto de combustível. 

Com o Trailblaze, os policiais chegaram ao terminal 2, ocupado ainda pelo filho de Gritzbach, de 11 anos, e um estudante amigo do empresário, de 23. Eles também tiveram seus celulares apreendidos pela Polícia. 

Gritzbach havia viajado para o Nordeste com a namorada e o motorista. A jovem deixou o local com um policial militar que fazia parte da escolta do empresário e não foi ouvida. Já os policiais foram encaminhados para a 3ª Deatur, onde prestaram depoimento, deixaram os celulares e foram liberados. A Corregedoria da PM também deve investigar a conduta do grupo.

Segundo a TV Globo, um investigador disse que, como o delator do PCC seria visado por ter delatado a organização criminosa, o mais lógico seria que todos os agentes que cuidavam da segurança do empresário deixassem o carro quebrado para trás e seguissem para o aeroporto. No entanto, ao que parece, dos quatros, três ficaram cuidando do veículo com defeito. 

O celular de Gritzbach também foi recolhido no local do crime e passará por perícia. O aparelho pode ajudar nas apurações a partir de trocas de mensagens que deverão ser extraídas. A Polícia também acredita que a vítima já tinha sendo monitorada desde sua saída de Goiás, já que os assassinos sabiam o horário que ele desembarcaria.

As autoridades suspeitam que os criminosos foram avisados do momento em que o empresário desembarcaria para que o ataque ocorresse no momento em que ele saísse do saguão do aeroporto.

A investigação sobre a morte dele ficará a cargo do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Dois suspeitos já foram detidos, mas a ligação com o atentado ainda é apurada pela polícia. Entre os bandidos, dizia-se que havia um prêmio de R$ 3 milhões pela cabeça do delator.

O Terra solicitou à Secretaria de Segurança Pública e à Corregedoria das Polícias um posicionamento sobre o caso, mas não teve retorno até o momento. O espaço permanece aberto para manifestações. 

Execução 
O caso ocorreu na  entrada do Terminal 2 por volta das 16h10 da tarde. Imagens de câmeras de segurando do aeroporto mostram o momento em que atiradores saem de um veículo estacionado e executam o empresário. Gritzbach levava uma mala de rodinhas quando é foi surpreendido pelos criminosos.

Ele tenta fugir, é atingido pelos disparos e cai perto da faixa de pedestres. É possível ver outras pessoas correndo por causa do tiroteio. Após o crime, os atiradores fogem. Além dele, outras três pessoas ficaram feridas.

Uma dupla da Guarda Civil Municipal (GCM) de Guarulhos estava em ronda próximo à entrada onde houve o tiroteio até por volta das 13h, quando identificaram um suspeito de ter adulterado a placa de um carro.

Depois disso, eles o conduziram para a delegacia do aeroporto. Como a ocorrência demorou três horas para ser registrada, segundo eles, os agentes não faziam ronda na hora da execução.

Quem era Gritzbach
Gritzbach era relator do Ministério Público, e teria entregado membros do PCC em uma delação. Aos investigadores, pessoas próximas da vítima disseram que ele temia pela própria vida, e que sabia que membros do PCC tinham conhecimento de sua colaboração com o Ministério Público.

Segundo informações do Estadão, Gritzbach fechou um acordo de delação premiada, homologado pela Justiça em abril. Ele negociava com o MPSP há, pelo menos, dois anos, e já havia prestado seis depoimentos. 

Na delação, ele falou sobre o envolvimento com a organização criminosa, a maior do país, com o futebol e o mercado imobiliário. Ele também deu informações sobre os assassinatos de líderes da facção, como Cara Preta e Django, mencionando a corrupção policial e suspeita de pagamento de propina na investigação da morte de Cara Preta.

Segundo o MP, ele teria mandado matar dois integrantes do PCC: Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, motorista de Anselmo. Ele negava envolvimento com as mortes.

Vinícius ficou preso até 7 de junho de 2023, quando ganhou liberdade condicional e passou a usar tornozeleira eletrônica.

Em junho deste ano, a polícia foi mobilizada para atender a um suposto sequestro do empresário. O DHPP foi acionado após a esposa de Vinícius e os dois seguranças dele ligarem para o advogado de defesa, informando que houve uma movimentação suspeita, de um carro para outro.

Ao dar seu depoimento, Gritzbach demonstrou nervosismo. O teor do depoimento não foi revelado, e o caso segue sendo investigado.

Empresa é investigada
Gritzbach foi diretor da Porte Engenharia e Urbanismo. Ele afirmou ter conhecido membros da facção criminosa devido ao trabalho, por meio de um corretor de imóveis.

A Porte é investigada pelo Ministério Público Estadual (MPE), por suspeita de ter vendido mais de uma dezena de imóveis para traficantes de drogas, segundo a delação. Gritzbach também afirmou que executivos da construtora sabiam do pagamento de imóveis em dinheiro em espécie e também de registros de bens cujo nome do verdadeiro proprietário ficava oculto, segundo o Estadão.

Fonte: Terra

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