Um catador de 60 anos, identificado como Wagner Vieira Gomes, sobreviveu a um ataque feroz de dois pitbulls, em Nilópolis, na Baixada Fluminense. O idoso trabalhava coletando recicláveis quando foi surpreendido pelos cães que estavam amarrados com corda em um terreno baldio. Segundo a vítima, os animais se soltaram, pularam o portão do local e o atacaram gravemente no rosto.
— Fiquei pedindo socorro, e ninguém apareceu. Um motorista que passava no local, viu meu sofrimento e me ajudou. Fiquei agonizando de dor. Foram quase dez minutos de ataque. Achei que fosse morrer ali — lembra Wagner, emocionado.
O ataque ocorreu no início de outubro. Nesta terça-feira, o catador, que ainda se recupera da cirurgia, contou ao EXTRA os momentos de terror que viveu. Na ocasião, um motorista que presenciou a cena afastou os cachorros buzinando com o carro e acionou o socorro imediatamente. Wagner foi levado inicialmente ao Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, mas, devido à gravidade das lesões, precisou ser transferido para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. Lá, ele passou por uma complexa cirurgia de reconstrução facial e permaneceu internado por quase um mês.
— Ele estava lúcido, mesmo em uma condição gravíssima. Tinha múltiplas lesões na face, com perda de tecido na orelha, boca, pálpebra, nariz e cartilagem — relata o cirurgião plástico Dr. Luciano Maldonado, que conduziu a cirurgia:
— Com a pele que restou, conseguimos fechar as feridas no rosto dele.
O procedimento, que durou quase cinco horas, exigiu uma abordagem cuidadosa da equipe do hospital.
— Quando recebemos um paciente politraumatizado, temos protocolos específicos para garantir sua segurança e preservar a via respiratória, pois ele (Wagner) corria risco de morte — explica o médico Gabriel Basílio, coordenador da equipe de cirurgia plástica.
— Até a anestesia nestes casos é delicada, pode haver risco de necrose, perda de visão e infecções — completou o médico.
Wagner passou 17 dias respirando por aparelhos. E, após receber alta, segue em recuperação com o apoio de familiares. Sem filhos, ele está sob os cuidados do irmão e da sobrinha. Ainda traumatizado, o catador revela que a experiência o deixou receoso de voltar às ruas:
— A vida está melhorando aos poucos. Eu já estava acostumado a ouvir cachorros latindo quando passava com meu saco de recicláveis, mas nada se compara ao que aconteceu. O que me assustou foi ver aqueles dois cachorros grandes pulando o portão e vindo em minha direção — desabafa Wagner.
Agora, ele tenta se recuperar física e emocionalmente, com o desejo de retomar sua vida, mas consciente dos desafios e marcas que o ataque deixou: — Aqueles animais claramente sofriam maus-tratos. Os donos do terreno também precisam ser responsabilizados pelo ocorrido. Até para que outras pessoas não sofram como eu.
A família de Wagner registrou ocorrência na delegacia na 57ª DP (Nilópolis) que investiga as circunstâncias do ataque.
Fonte: Diário Do Brasil Notícias